Em entrevista ao UOL, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu a possibilidade de buscar refúgio em uma embaixada no Brasil caso venha a ser condenado e tenha sua prisão decretada no inquérito que investiga sua participação em uma tentativa de golpe em 2022. “Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”, afirmou.
A Polícia Federal concluiu que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que planejou a abolição violenta do Estado democrático de Direito e tentou um golpe de Estado. Segundo a corporação, o ex-presidente teve “domínio direto e efetivo” das ações golpistas, mas a ruptura não foi concretizada por “circunstâncias alheias à sua vontade”.
No inquérito enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a PF detalhou que os crimes atribuídos a Bolsonaro e aos outros 36 indiciados podem resultar em penas que somam de 12 a 28 anos de prisão, sem considerar agravantes.
Histórico de discursos antidemocráticos
Saudosista da ditadura militar (1964-1985), Bolsonaro construiu sua trajetória política com declarações que colocavam em dúvida o regime democrático. Durante seu mandato, atacou o sistema eleitoral, questionou as urnas eletrônicas e incitou atos golpistas.
Após sua derrota para Lula (PT) nas eleições de 2022, Bolsonaro intensificou os ataques às instituições e chegou a discutir com comandantes militares a possibilidade de reverter o resultado eleitoral, ideia que ele agora afirma ter “abandonado”.
Com seu papel na trama golpista detalhado pela PF e inelegível até 2030, o ex-presidente se mantém no centro de investigações que podem definir seu futuro político e judicial no Brasil.