Durante a sessão da Assembleia Nacional da França, que discutiu o acordo entre a União Europeia e o Mercosul, a carne brasileira foi alvo de duras críticas pelo deputado Vincent Trébuchet, do partido UDR. O parlamentar afirmou que os pratos franceses não eram “latas de lixo”, em referência à carne exportada pelo Brasil. Em resposta, o vice-presidente do Sindicato Rural de Rio Verde, Ênio Fernandes, criticou a declaração, chamando-a de imatura e oportunista.
“Quando alguém utiliza palavras como ‘lixo’, é porque não tem argumentação alguma. Isso mostra desconhecimento, pois ao dizer isso, ele afirma que as outras 168 nações que importam carne brasileira não têm qualidade. Ele ignora a importância da proteína animal do Brasil para a segurança alimentar do mundo. Pode ser também oportunismo, adulterando a verdade para agradar e enganar seus eleitores na França. No fim, o comentário é tão imaturo que fica difícil comentar sem parecer pequeno. Pequeno como o raciocínio deste parlamentar francês”, afirmou Fernandes.
Rejeição ao acordo entre Mercosul e UE
A postura de Trébuchet reflete a crescente rejeição ao acordo entre a União Europeia e o Mercosul, especialmente após a votação simbólica na Assembleia Nacional da França, que rejeitou o acordo com 484 votos a favor e 70 contra. A decisão é vista com preocupação pelo especialista, que acredita que a crítica ao Brasil é uma estratégia para proteger os mercados locais.
“A plataforma ambiental não é o ponto principal. É só um manto usado para proteger os mercados de outros produtos brasileiros. Cada região cria as suas estratégias, corretas ou não”, destacou Fernandes.
Falta de mobilização no Brasil
Ênio Fernandes também criticou a falta de mobilização das grandes empresas do setor agrícola e financeiro brasileiro em defesa dos interesses nacionais. Para ele, se as críticas viessem de países como Estados Unidos, Japão ou mesmo outros membros da União Europeia, a resposta seria mais enérgica.
“Essas agressões acontecem, mas se elas acontecessem nos Estados Unidos, Canadá, Japão, ou na própria União Europeia, a sociedade desses países seria extremamente agressiva. Com certeza, um boicote se iniciaria e essas redes teriam dificuldades financeiras enormes. No Brasil, falta defesa e sobra omissão”, afirmou o vice-presidente do sindicato rural.
O especialista ressaltou a importância de unir todos os elos da cadeia produtiva brasileira para fortalecer a defesa do setor e da economia nacional.